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quarta-feira, 16 de abril de 2008

Odontologia _ Lesões bucais X estresse _Estomatologia

Lesões bucais X estresse

Karen Borges Antunes
- Graduada em Odontologia pela Universidade Norte do Paraná - 1997.

Michelle Tonini Lula
- Graduada no Curso de Odontologia da Universidade Norte do Paraná, 1997.

Pedro Carlos Ferreira Tonani ( tonani@sercomtel.com.br )
- Cirurgião Dentista
- Prof Universitário
- Titular da disciplina de Semiologia Bucal da Universidade Norte do Paraná
- Mestre em Semiologia Bucal.


O estresse é um estado físico causado pelo excesso de adrenalina circulante no organismo. A pressa, o trânsito, a falta de tempo, o excesso de trabalho geram um constante "estado de alerta", que é a origem do estresse. Os sintomas são os mais variados possíveis, tais como cansaço, irritabilidade, depressão, insônia, redução da resistência física e mental. Em casos mais extremos, o estresse pode estar entre as causas determinantes de infartos, úlceras gástricas e, até mesmo, de algumas lesões bucais. Dentre elas estão as Úlceras aftosas; Periadenite mucosa necrótica recorrente cicatrizante; Úlcera psicogênica ou factícia; Gengivoestomatite herpética; Herpes simples recidivante; Pênfigo Vulgar e Líquen Plano. O estresse foi definido por Hans Seyle, em 1.936, como uma síndrome geral de adaptação, que é dividida em três estágios: Alarme, Resistência e Exaustão. Os sintomas do estresse surgem como sinal de alerta pelos excessos do dia-a-dia, relacionados ao trabalho demasiado, consumo de álcool, cigarro ou café que são considerados fatores agravantes do quadro fisiológico do estresse. Os autores discutem as lesões bucais e estresse baseado na realidade holística do homem que visa integrar o físico ao psíquico.

1. INTRODUÇÃO

Qualquer estímulo ambiental, que não é rotina, pode representar perigo à integridade holística do organismo. Este, constantemente estressa-se, com o corpo preparando-se para escapar de situações diferentes, conflitantes.

A maioria dessas alterações ocorre antes que a pessoa tenha tido tempo de raciocinar. Tão logo o perigo desaparece e a emoção é descarregada através da ação, sobrevem o relaxamento e o organismo volta rapidamente ao normal, sem ter sofrido nenhum dano aparente.

Pode-se, também, provocar reações de alarme no organismo, diante de fatos que não constituem uma ameaça à vida (ficar amedrontados ou excitados com algo que poderá acontecer no futuro e recordar, com emoção, fatos que ocorreram no passado) e sim à auto-estima, diante de situações em que uma ação física é não apenas inadequada como impossível. Todas as alterações físicas e químicas desencadeadas, para fazer face a uma emergência, são mantidas inadequadamente no organismo por longo tempo. Quando esse estado se mantém por muito tempo, acompanhado de uma permanente elevação da pressão arterial, de distúrbios digestivos e outras alterações, o sono é prejudicado, várias perturbações reais podem ocorrer e o homem acabará por se “envenenar” com suas próprias secreções. Há provas, igualmente, de que se a tensão é muito prolongada, o organismo se torna mais vulnerável às infecções.

É digno de se notar que, com o passar do tempo, a estressização pode levar ao estresse crônico e, deste, à depressão, que mina o todo imunitário, levando então ao quadro acima citado a respeito de facilitar enfermidades degenerativas, além de enfraquecer o organismo de modo geral.

2. CONCEITO

O termo aportuguesado estresse vem do Inglês (stress), que é um conceito físico para materiais sujeitos a tensões, como no caso de alicerces, suportes de pontes, resistência das concretagens e outras variáveis.

Segundo a definição do dicionário Aurélio estresse é um conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa e outras, capazes de pertubar-lhe a homeostase.(Homeostase é a tendência à estabilidade do meio interno do organismo.)

Mas, o que é estresse? Estresse é uma palavra que foi popularmente usada durante o século XVII para representar “adversidade” ou “aflição”.

Em fins do século XVIII, seu uso evoluiu para denotar “força”, “pressão” ou “esforço”, exercida primariamente pela própria pessoa, seu organismo e mente.

Em 1936, o fisiologista Hans Selye estudou a situação tensional de cobaias condicionadas à intensa fadiga. O mesmo fato ocorria quando esses animais eram levados à luminosidade intensa e trabalho extenuante. Mas, foi apenas desde o início do século XX, que as ciências biológicas e sociais iniciaram a investigação de seus efeitos na saúde física e mental das pessoas.

Modernamente, pode-se conceituar estresse como tendência ao desgaste organo-funcional gerado por estímulos excitantes (agradáveis ou desagradáveis) minando a imunidade, extenuando a ação neuro-hormonal e depauperando o psiquismo mental e/ou emocional.

O significado de estresse não se restringe, apenas, à tensão ou ansiedade, uma vez que a super-excitação, barulho, críticas, mudanças drásticas no modo de vida da pessoa e até mesmo, a alegria pura, é suficiente para pôr em ação, o mecanismo do estresse no nosso organismo.

Existem dois tipos de estresse. O negativo (distress), que é causado pelas frustrações e problemas diários, e o positivo (eutress), causados pelas coisas hesitantes em nosso cotidiano, como por exemplo, promoção no trabalho, gravidez, compra de uma casa. Embora esses dois tipos provoquem reações emocionais completamente diferentes, fisiologicamente, as respostas são idênticas.

Viver implica numa série de mudanças, frustrações e problemas que estão sempre a requerer a adaptação do organismo; essas mudanças hormonais são efetivadas diversas vezes em nosso dia-a-dia e nem sempre percebidas. Levar a vida sem estresse é um mito, pois não podemos atuar sem seu estímulo. Entretanto, muito estresse ou a sua ausência pode causar sérios problemas à saúde.

3. CAUSAS DO ESTRESSE

Com a identificação das possíveis causas do estresse, é muito mais provável que sejamos capazes de tomar medidas preventivas antes que os problemas assumam maiores proporções. Na verdade, a antecipação causa mais estresse que os eventos propriamente ditos: O medo de atrasar-se e perder um compromisso importante; receio de não realizar uma venda; temor de ser considerado um fracasso. Na maioria das vezes, o fato nem chega a ocorrer e tudo acaba bem, mas o dano interno já e está é feito.

A agressividade, frustração ou infelicidade em relação ao passado também podem ser grandes fatores de estresse, e absolutamente inúteis, principalmente, porque não se consegue mudar o que já aconteceu e, é surpreendente o número de pessoas que arruinaram grande parte da vida adulta por continuarem remoendo eventos ocorridos anos antes.

Pode-se observar que fatores como exposição diária à ruídos excessivos, calor, aglomerações, trânsito congestionado, pequenas inconveniências, interferência de problemas pessoais no trabalho e vice-versa, entre outras, são causas do estresse.

Algumas pessoas encaram tais situações de maneira positiva, tolerando-as com certo grau de serenidade; outras as encaram de forma negativa, simulando problemas de várias ordens, o que leva a um quadro estressante.

A possibilidade de sofrer os efeitos nocivos do estresse aparece quando se permite que um problema cresça sobre o outro transformando-se, assim, numa montanha. Entretanto, uma situação isolada ou um contratempo passageiro, também pode levar um indivíduo ao estresse.

4. REAÇÕES FISIOLÓGICAS FRENTE A UMA SITUAÇÃO ESTRESSORA

A situação que produz o estresse (estressora), independentemente de ser positiva ou negativa, causa a mesma reação biológica na pessoa. O corpo humano responde com uma reação conhecida como síndrome da “luta ou fuga” (fight or flight syndrome). Sete segundos após perceber a causa do estresse, o indivíduo automaticamente se prepara para reagir fisicamente à situação: a pressão sobe, o coração pulsa mais rápido, a respiração se torna mais pesada e rápida, os músculos se contraem e as mãos e os pés se tornam frios e suados. Em poucos segundos, o indivíduo está pronto para a luta. Na época das cavernas, esta resposta era altamente desejada, pois os homens primitivos realmente lutavam pela sobrevivência. Portanto, o corpo deveria estar pronto para aquele confronto. Muitas eras decorreram desde então; a figura da fera foi substituída pela do chefe, empregado, família ou outros membros da comunidade. Não nos envolvemos mais na luta corporal que possibilitava, ao homem da caverna, usar o excesso de adrenalina produzida, automaticamente, pelo corpo, para gerar energia para o combate. Hoje, retomamos à nossa poltrona e deixamos que o corpo volte ao “normal”.

Embora essa adaptação física ocorra espontaneamente, se for mantida por períodos prolongados ou freqüentes, o estresse tenderá a se tornar crônico, e o indivíduo pagará um preço bastante alto, por essa reação biológica natural.

As tendências herdadas dos pais e as características de personalidade de cada um, adquiridas nos primeiros anos de vida, irão influenciar as suas reações.

Assim, como difere a reação de cada pessoa a uma determinada situação, da mesma forma o corpo reage de maneira peculiar em cada indivíduo.

Todas essas reações têm algo em comum; elas são o resultado da entrada em ação do mecanismo de defesa do nosso organismo diante de uma ameaça.

O estresse pode ser agudo ou cronico e tem três fases de evolução:

Estresse Agudo: período breve de duração que pode levar alguns minutos ou até no máximo dois dias.

Um quadro de estresse agudo apresenta os sintomas clássicos de sudorese intensa, extremidades frias (pés, mãos, orelhas) respiração curta e ofegante, taquicardia, diarréia ou constipação, tonturas ou zumbidos nos ouvidos. Permite uma recuperação rápida e definitiva e raramente traz sequelas como: crises de angina derrame cerebral, infarto,etc...

Estresse Crônico: é o mais frequente e é determinado por uma exposição prolongada aos agentes estressantes .

SEYLE (1936) definiu a reação de “stress” como síndrome geral da adaptação (SGA) e dividiu-a em 3 estágios ou fase: Alarme, Resistência e Exaustão.

- 1º. Estágio - Alarme: corpo reconhece estressor e prepara-se para a ação através de reações bioquímicas.

Glândulas endócrinas - adrenalina - taquicardia - tacpnéia - maior oxigenação do sangue - músculos tensionam - se - circulação periférica aumenta - processos digestivos acumulam-se - corpo mantém-se em equilíbrio para enfrentar a situação ou fugir.

- 2º. Estágio - Resistência: uma vez que agimos, o organismo repara o dano feito pelo “stress”. Se não desaparece (o estressor) o organismo não tem chance de se recuperar e fica em estado de alerta.

Quando esta situação é mantida por períodos ou tempo prolongados, ou quando o organismo não pode lutar nem fugir do “stress” torna-se maléfico e então o organismo entra no estágio de Exaustão.

- 3º. Estágio Exaustão: neste momento, as reações são nocivas e o indivíduo pode ter doenças graves como: enfarte, hipertensão, úlceras, etc..

5. FATORES AGRAVANTES

Indivíduos em estresse perdem grandes quantidades de Zn, Cr, Ca, Mg, pois estes minerais participam das reações de formação de adrenalina, glicocorticóides, insulina, etc os quais são produzidos, em grandes quantidades, nesta situação.

A dieta, como excesso de produtos cafeínados (café, chá preto, chá mate), pode ter uma excreção exagerada de cálcio pela urina.

Pessoas que ingerem excessivamente álcool, sal e açúcar branco podem ter absorção e/ou eliminação de Zinco inadequada. O Zinco age na proteção das glândulas supra-renais e, como se sabe, é a primeira linha de defesa no processo de estresse.

6. SINAIS E SINTOMAS FÍSICOS DO ESTRESSE

Alguns sinais e sintomas físicos intimamente relacionados ao estresse serão citados a seguir. O reconhecimento dos mesmos nos auxilia na prevenção e tratamento do indivíduo estressado, amenizando, portanto, as conseqüências patológicas.

Dor de cabeça; Coração batendo forte; Arrotos freqüentes;

Mãos trêmulas; Calor no rosto; Ranger de dentes;

Diarréia; Gases; Fadiga;

Músculos retraídos / doloridos; Mãos frias; Boca seca;

olhos piscando; Pele oleosa; Palpitações;

Acidez no estômago; Aperto no estômago; Rosto avermelhado;

Suor nas mãos; Tiques nervosos; Suor nos pés;

Pés frios.

Sinais de estresse no comportamento:

Agir impulsivamente; Dificuldade de dormir;

Agressivo / Amedrontando; Ficar doente com freqüência;

Assustar-se facilmente; Evitar olhar para as pessoas;

Ter pesadelos freqüentes; Roer unhas;

Ter tendência para acidentes; Super ativo;

Demasiadamente sensível; Estar sempre na defensiva;

Incapacidade de concentrar-se; Pegar coisa que não lhe pertence;

Não querer cooperar; Dizer mentiras e distorções;

Necessidade excessiva de ser tranqüilizado;

Mudanças nos hábitos alimentares; (comer demais ou muito pouco)

Parece estar escondendo algo; Dependente;

Preocupado / retraído; Inquieto;

Procura não falar; Mudança de personalidade;

Rebelde; Sempre cansado.

Submissão demasiada.

7. LESÕES BUCAIS RELACIONADAS AO ESTRESSE

Somente em meados da década de 50, através do conceituado endocrinologista Hans Seyle, ocorreu a descrição científica de alterações tão freqüentes no ser humano - quer nas alegrias (emoções agradáveis), quer nas tristezas (perdas, doenças e pré-doenças). Hans Seyle permitiu que índices objetivos com determinadas modificações químicas neuro-endócrinas fossem detectadas no estresse. Ele demonstrou, pela primeira vez, o que seriam lesões intimamente ligadas ao estresse exaustivo e o que seriam reações de adaptação do organismo - mecanismo de defesa.

7.1.Úlcera Aftosa

A úlcera aftosa é uma doença comum caracterizada pelo desenvolvimento de ulcerações recidivantes, dolorosas, solitárias ou múltiplas da mucosa bucal. De todos os tipos de ulceração não-traumática que afetam as mucosas, as úlceras aftosas são provavelmente as mais comuns. A incidência varia de 20% a 60%, dependendo da população estudada. A prevalência tende a ser maior em mulheres, profissionais e em pessoas de grupos sócio-econômicos mais elevados.

- Etiologia e patogenia: Embora a causa das ulcerações aftosas seja desconhecida, foram identificados vários fatores etiológicos.

Aspectos clínicos da U.A.R.:

1º) Estágio sintomático - caracterizado por sensação pruriginosa, “tensão”, dor e “aspereza” da mucosa, perdurando por um período de cerca de 24 horas, no local em que a lesão irá se desenvolver.

2º) Estágio pré-ulcerativo - manifesta-se clinicamente quer por eritema, mácula ou pápula, localizado, com discreta elevação de consistência dura. A lesão, de início, pode ser única ou múltipla. Gradualmente, forma-se uma “membrana” ou uma cobertura superficial, quando então o eritema se desenvolve em um halo inflamatório, altamente hiperêmico. A “membrana” superficial pode ser circular ou oval, contudo, a forma final da lesão será determinada pela sua localização.

3º) Estágio ulcerativo - a “membrana”superficial central torna-se esbranquiçada, necrótica, lembrando uma área isquêmica localizada que, quando se desprende, deixa uma úlcera pouco profunda e bem delimitada. Sobre o assoalho da úlcera forma-se um exsudato fibrinoso, branco-amarelado ou acinzentado, ou, ainda, um coágulo sangüíneo. O halo eritematoso persiste e a lesão assume um aspecto crateriforme, com as margens em relevo, avermelhadas e que se assemelham a uma plataforma.

A úlcera é inicialmente pouco profunda, pequena e dolorosa; contudo, pode aumentar de tamanho, no período de 4 a 6 dias, quando atinge seu maior diâmetro. Muitas úlceras podem coalescer e formar uma lesão “gigante”, com 1 a 2 cm de diâmetro. Após 2 ou 3 dias, abruptamente, ocorre uma transformação na sintomatologia; a dor cede, continuando a subsistir apenas como sensação de desconforto, provavelmente relacionada com o maior desenvolvimento atingido pela úlcera, bem como à formação do coágulo fibrinoso que a recobre, o qual, mantendo-se normal é suficientemente espesso e aderente, protegendo o tecido subjacente, de traumas locais.

4º) Estágio de reparação - após um período variável de 4 a 35 dias, freqüentemente em menos de 21 dias, dá-se a reparação, sem deixar seqüelas cicatriciais visíveis macroscopicamente. Somente aquelas lesões mais persistentes se reparam por cicatrização e em pequena porcentagem de casos.

Tratamento O uso de corantes sobre a lesão ulcerada neutraliza o pH, que em geral na mesma é ácido , com isso desaparece os sintomas.

-Corantes como: azul de metileno ,mercúrio cromo ,violeta de genciana sobre a lesão por 2 a 3 minutos 5 vezes ao dia .

-Uso de Imunomodulador : Leucogem : Tomar 1 medida 2x ao dia (uma após o almoço , outra após o jantar ) por 30 dias , dar um intervalo de 30 dias. Repetir a operação por 30 dias e após 6 meses repetir a mesma, independente de ter havido o surto ou não.

7.2.Periadenite Mucosa Necrótica Recorrente Cicatrizante ou Úlcera de Sutton

É considerada como uma forma clínica mais agressiva da afta vulgar, a qual não pode ser distingüida por critérios histológicos, imunológicos, nem por microscópia eletrônica. Lesão pouco comum, situada mais profundamente, bem maior do que a afta vulgar e com sintomatologia dolorosa bastante intensa. Persiste de 3 a 8 semanas, evoluindo para cicatrização sendo que, em alguns casos evidenciam notável fibrose da mucosa bucal.

77.3. Úlcera Psicogênica ou Factícia

São decorrentes do hábito de mordiscar determinadas áreas da mucosa bucal em decorrência de algum distúrbio emocional como o hábito de roer unhas e outros. Ocorrem com mais freqüência na língua, mucosa jugal e lábios, apresentam caráter crônico e recidivante, são acompanhadas de área queratótica associada que corresponde a uma reação de defesa da mucosa ao traumatismo contínuo. São mais freqüentes em crianças até a puberdade e no sexo feminino.

Os pacientes, raramente, revelam espontaneamente o hábito, por desconhecê-lo.

77.4. Gengivoestomatite Úlcero-Necrosante Aguda

É uma doença provocada por um complexo etiológico constituído, segundo Todescan, por fatores locais como: má higiene local, cálculos, irritações químicas, físicas e iatrogênicas; fatores predisponentes e fatores modificadores, principalmente estresse, estados sistêmicos como diabetes e baixa resistência às infecções, má nutrição, trauma de oclusão e outros.

Apesar da grande maioria dos estudiosos acreditarem que é produzida por uma associação simbiótica de um bacilo fusiforme ou uma espiroqueta (Borrelia vincentii), todas as tentativas de produzir experimentalmente a doença falharam, e, por outro lado são microorganismos que fazem parte da flora bucal normal e estão presentes em maior ou menor quantidade em grande número de infecções bucais. No entanto, acredita-se que a associação dos fatores, citados anteriormente a esses microrganismos possam desencadear a doença, porém, isoladamente, um ou outro não teriam condição de produzi-la. A manifestação clínica da GUNA, ou gengivite de Vincent, compreende ulceração e necrose da papila interdental resultando numa lesão crateriforme recoberta por pseudomenbrana acinzentada, que pode limitar-se a um setor ou generalizar-se.

Os principais sinais e sintomas clínicos são representados por dor, hiperemia gengival, necrose tecidual, odor fétido, sensação de compressão entre os dentes, glossite linfadenopatia, febre, diarréia, vômitos, hiper-acidez

Tratamento:

-Limpeza local com Peróxido de hidrogênio 10 volumes .Limpeza e raspagem coronária e radicular .Instruções de higienização .

-Bochechos com peróxido de hidrogênio 10 volumes, em casa, após a escovação.

Esperamicina de 6 em 6 horas durante 6 dias .Suporte nos casos mais severos(antibiótico deve ser usado por no mínimo 96 horas .)

7.5. Gengivoestomatite Herpética Aguda e Herpes Simples Recidivante

São doenças causadas pelo Herpesvírus hominis, sendo a virose mais comum que atinge a boca. Segundo Martins pertence ao grupo dos DNA. Nahmias & Cols. evidenciaram que estes vírus têm dois tipos sorológicos diferentes. O tipo I quase sempre atinge a parte superior (boca, lábios e olhos), enquanto o tipo II, tende a provocar infecções genitais.

A gengivoestomatite herpética primária aparece após um período de incubação de três a nove dias. O quadro clínico inicia-se por mal-estar geral, febre, irritabilidade, cefaléia, perda de apetite e linfadenopatia. A seguir surgem as manifestações bucais, quase sempre, precedidas de inflamação gengival, representadas por formações de vesículas, especialmente nas gengivas, língua, palato e face interna do lábio, que se rompem dando lugar a ulcerações semelhantes às aftas vulgares, de fundo branco-amarelado, circundadas por zona eritematosa edemasiada, sendo extremamente dolorosas. As lesões persistem de seis a dezesseis dias e reparam sem formação de cicatrizes.

O Herpes simples recidivante geralmente se manifesta em torno dos quinze anos de idade, sendo que os surtos declinam após os vinte e cinco anos. Após introduzido no organismo, o vírus parece que permanece latente no interior das células epiteliais, e sendo que as recidivas representam uma ativação do vírus residual e não uma infecção.

Uma das particularidades mais notáveis do herpes recidivante é a grande variedade de mudanças internas e externas que parecem capazes de desencadear surtos. Podem ser mencionados: exposição aos raios solares, tensão emocional, distúrbios digestivos, doenças viróticas como gripe e resfriado, ansiedade e hostilidade definida, etc..

As lesões podem ocorrer tanto no lábio, como na mucosa bucal sendo extremamente raras, intrabucalmente. Cerca de 12 a 24 horas antes do aparecimento das vesículas desenvolve-se uma sensação de hiperestesia ou ardor na região. As vesículas são sempre múltiplas, pequenas, formam grupos e tendem a coalescer. Rapidamente rompem liberando líquido branco-amarelado e formam crostas sero-sangüinolentas que coagulam tornando-se aderentes. É comum a presença de edema e eritema. As lesões são reparadas, geralmente, entre sete a dez dias sem deixar cicatrizes.

Tratamento :

No tratamento do herpes simples recidivante já foram tentadas as mais variadas técnicas e substâncias sem êxito importante. Na atualidade, sabe-se que a destruição do vírus pelo rompimento da cadeia de DNA surte os melhores efeitos na cura da doença. O primeiro método é chamado de foto-inativação e se fundamenta no fato de que alguns corantes como o vermelho neutro, azul de toluidina e proflavina têm afinidade pela base guanina do DNA, causando rompimento da molécula sob exposição à luz.

O corante mais utilizado é o vermelho-neutro em solução aquosa de 0,1% aplicado sobre as lesões desde o início dos primeiros sintomas e exposição à luz, fluorescente, por cerca de 20 minutos. A aplicação e exposição devem ser repetidas cerca de três vezes ao dia, nos primeiros dias, após o aparecimento de vesículas que devem previamente ser rompidas com agulha esterilizada. O procedimento deve ser repetido a cada episódio recidivante da doença, sendo que os surtos e sua intensidade, em considerável número de pacientes, vão se reduzindo e ficando menos sério até desaparecerem completamente uma vez destruídos todos os vírus latentes. O levamisol parece produzir efeitos benéficos em um maior número de pacientes tratados com o mesmo esquema Terapêutico utilizado na UAR, porém com os mesmos riscos decorrentes dos efeitos secundários. Mais recentemente tem sido aplicados localmente, 3 a 4 vezes ao dia, a partir dos primeiros sintomas, os chamados rompedores de DNA como o iodoxiuridina (5 - iodo - 2) deoxiuridina, zovirax e outros que, inibem a síntese réplica do DNA e cujos resultados terapêuticos, na redução dos surtos e na sua indicação. Lembrar que as vesículas antes de se romperem deverão ser perfuradas com agulha estéril, seco seu conteúdo e a seguir aplicar o medicamento.

(ver tratamento da afta , o uso de leucogem ,levamisole leva a cura .Aclovir localmente 5x vezes ao dia até desaparecer os sintomas, só age localmente na lesão, não cura).

7.6. Pênfigo Vulgar

Pênfigo é a denominação geral de um grupo de doenças mucocutâneas caracterizadas pela formação de bolhas intra-epiteliais. A formação dessas bolhas resulta na desintegração ou perda da aderência celular, produzindo, assim, a separação das células conhecidas como acantólise.

O Pênfigo vulgar representa a submodalidade encontrada mais freqüentemente dentro do grupo do pênfigo.

Características clínicas: Os pacientes com pênfigo vulgar, em cerca de 60% dos casos, apresentam os primeiros sinais da doença na mucosa bucal.

As lesões, inicialmente, apresentam-se como bolhas contendo líquido, ou como úlceras rasas. As bolhas se rompem rapidamente, deixando o teto colapsado. Essa membrana acinzentada é removida facilmente com uma compressa de gaze expondo uma base avermelhada, ulcerada e dolorosa. O aspecto das úlceras variam de pequenas lesões semelhantes a afta até a grandes lesões parecidas com mapas.

A tração delicada da mucosa não afetada clinicamente pode produzir desgarramento do epitélio, caracterizando o sinal de Nikolsky.

A incidência do pênfigo vulgar é igual em ambos os sexos. Parece que existem fatores genéticos e étnicos que predispõe o aparecimento da doença.

Associadas ao pênfigo vulgar podem ocorrer outras doenças auto-imunes, tais como a miastenia grave, o lupus eritematoso, a artrite reumatóide, a tireoidite de Hashimata, o timoma e a síndrome de Sjögren. Embora a maioria dos casos apareça na quarta e quinta décadas da vida, o pênfigo tem sido observado da infância à velhice.

Tratamento:

A terapêutica do pênfigo vulgar é sintomático sendo feita com corticosteróides, indicadas por médico, em dosagem de acordo com o quadro clínico, até conseguir-se uma dose de manutenção suficiente para impedir o aparecimento de novas bolhas.

Ocilom em orabase durante 9 dias a saber:

1 ao 3 dia - 3 vezes ao dia ( uso manhã, tarde e noite após higiene e limpeza da boca; ficar sem tomar nada durante 40 minutos).

4 ao 6 dia- 2 vezes ao dia .

7 ao 9 dia- 1 vez ao dia.o

O pênfigo vulgar é colocado no grupo das doenças auto-imunes, tendo em vista a detecção de anticorpos contra substância intercelular ao nível da camada espinhosa do tecido epitelial. A reação imunológica determina a separação das células epiteliais logo acima da camada basal resultando em formação de fenda suprabasal.

7.7. Líquen Plano

O líquen plano é de particular interesse para o dentista, pois o comprometimento da mucosa bucal geralmente precede o aparecimento das lesões cutâneas.

A forma clínica mais comum de apresentação é a reticular, representada por pontos brancos, por linhas brancas que se cruzam e que são denominadas estrias de Wickham. Outras formas de apresentação compreedem a erosiva, atrófica, em placa, bolhosa e hipertrófica. As localizações mais frequentes da lesão são a mucosa jugal, gengiva e língua.

A causa do líquen plano é desconhecida. É interessante que a doença é raramente encontrada em indivíduos isentos de cárie; a pessoa nervosa, extremamente tensa, é aquela que invariavelmente apresenta o líquen. O curso da doença é longo, de meses a vários anos, com períodos freqüentes de remissão seguidos de exacerbação, os quais correspondem a: fases de desequilíbrio emocional, excesso de trabalho, ansiedade ou alguma forma de tensão mental. Outras causas sugeridas incluem traumatismo (visto que os surtos aparecem em linhas de arranhões), má nutrição e infecção. GRINSPAN (1973) descreveu uma associação interessante do líquen plano com o diabetes mellitus e a hipertensão vascular, a tríade sendo descrita como síndrome de Grinspan. Ademais, o líquen plano tem sido relatado em vários membros da mesma família, sugerindo a possibilidade de um padrão hereditário. Tal idéia, contudo, não tem evidência segura.

Estas lesões bucais não têm sintomas significativos, embora ocasionalmente os pacientes se queixem de uma sensação de queimadura nas áreas envolvidas. Também pode ocorrer uma forma hipertrófica do líquen plano na mucosa bucal, aparecendo em geral como uma lesão branca elevada, bem circunscrita, parecida com ceratose focal.

Esta lesão não tem tratamento específico. O tratamento com corticosteróides tem sido feito em casos mais graves, para reduzir a inflamação e diminuir o prurido das lesões cutâneas. Não é rara a regressão completa da doença após a estabilização emocional do paciente.

Tratamento:

O uso de Ocilom orabase é efetivo para boca (vide tratamento do Pênfigo Vulgar.)

1. DISCUSSÃO

A mente e o corpo estão ligados de modo que a mente tem influencia poderosa sobre o corpo e, este pode afetar drasticamente a mente. A mente e o corpo estão continuamente trabalhando juntos consciente ou inconscientemente. E eles influenciam-se e nunca são separados. O desequilíbrio da harmonia entre o corpo e a mente é o que origina o desenvolvimento da doenças relacionadas ao estresse.

O complexo etiológico das ulcerações aftosas recorrentes já foi devidamente abordado. Distúrbios emocionais, como ansiedade, raiva, tensão e depressão estão intimamente relacionados com desencadeamento das lesões ou seu agravamento ( maior frequência e intensidade dos surtos da doença.)

Muitos pacientes portadores da GUNA são pessoas cuja vida é condicionada por estresse físico e mental.

As alterações emocionais participam de forma intensa no desenvolvimento da doença, portanto o correto equilíbrio psíquico do paciente é essencial para cura e controle das recidivas.

Fazer o paciente alimentar-se adequadamente, dormir o tempo necessário, não se exceder nos exercícios físicos, reequilibrando também o lado somático da melhor forma possível,pode-se levar a cura da GUNA.

A grande variedade das mudanças internas ou externas parecem capazes de desencadear os surtos, do herpes recidivante dentre elas a tensão emocional.

Sabe-se que fatores emocionais assumem papel importante na etiologia do Líquen Plano e do Pênfigo Vulgar, sendo a normalização psíquica fundamental como medida prévia a qualquer tentativa de tratamento

Pênfigo Vulgar faz parte do grupo das doenças de autoagressão ou auto-imunes e não é fácil explicar como fatores emocionais podem desencadear ou agravar as lesões. Contudo, a associação do tratamento psicológico ou a eliminação, quando viável, do agente estressor ou de qualquer outra perturbação emocional presente.

8. CONCLUSÃO

O cirurgião dentista, desperto para a realidade holística do ser humano, educa o paciente para auto-avaliação e motiva-o para o tratamento; com isso as possibilidades de sucesso serão maiores pois haverá um comprometimento paciente/ dentista, dentista/ paciente, em busca da cura da lesão ou melhora do quadro.

Reconhecer as frustrações e tensões cotidianas são inevitáveis e um dos primeiros princípios para o domínio do estresse. Muitas pessoas acreditam que, se eliminassem o estresse da sua vida, poderiam sentir-se mais felizes e relaxar. Esta idéia, entretanto, não é realista. Vivendo em uma sociedade moderna, freqüentemente nos defrontamos com situações, sobre as quais não temos qualquer controle para mudá-las ou eliminá-las.

As pessoas, com personalidade enérgicas, enfrentam as mudanças com confiança e determinação e têm a tendência de interpretá-las como novas oportunidades. Por outro lado, as pessoas com personalidade menos enérgicas tendem a sentir-se alienadas, ameaçadas ou impotentes, quando há alterações na sua rotina. Desenvolver habilidades para interpretar de uma forma positiva, as situações que causam o estresse é uma das condições básicas para gerenciar seu nível de estresse.

O relaxamento mental e físico proporcionam imensos benefícios à saúde. Quando praticado regularmente, o relaxamento tem efeitos profundos no sistema imunológico da pessoa, tornando-a mais resistente à agentes transmissores de doenças, além de baixar a pressão do sangue e o nível do colesterol.

Estudos sobre o efeito do estresse no sistema imune e suas conseqüências, têm revelado através dos exames de sangue, uma deficiência no número de glóbulos brancos no sangue, conhecidos como linfócitos T e B. Estes glóbulos são considerados de vital importância para o controle de bactérias e para impedir o desenvolvimento de tumores.

As pessoas que relaxam, esporadicamente por alguns minutos, tendem a ter benefícios mínimos. Entretanto, aquelas que relaxam, regularmente, todos os dias, experimentam muitas vantagens, além do fortalecimento do sistema imune.

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Data de Publicação do Artigo:

30 de Abril de 2002

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