O consumo excessivo de bebidas alcoólicas, ainda que não esteja associado ao hábito de fumar, aumenta o risco de lesões na boca que podem levar ao desenvolvimento de câncer. É o que mostra estudo realizado pela equipe da professora Silvia Regina de Almeida Reis, da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O trabalho foi publicado na edição de jul./set. de 2002 da revista Pesquisa Odontológica Brasileira.
Substâncias tóxicas para os genes interagem com o DNA, provocam erros durante a multiplicação das células e, assim, podem acarretar o aparecimento de um câncer, doença caracterizada pela divisão celular rápida e desordenada. Por causa da ação desses compostos, o núcleo – organela celular que contém o material genético – pode perder algumas porções de DNA. Elas permanecem do lado de fora do núcleo, mas próximas a ele, sob a forma de pequenas esferas: os micronúcleos. A ocorrência de micronúcleos indica, portanto, que as células foram expostas a substâncias tóxicas, que alteraram o padrão de multiplicação celular e produziram lesões que podem levar ao desenvolvimento de câncer.
Diversos estudos indicam que o etanol (tipo de álcool presente em bebidas) potencializa os prejuízos para a saúde bucal provocados pelo fumo, considerado o principal fator de risco para o aparecimento de lesões cancerosas na boca. No entanto, de acordo com os resultados da equipe de Reis, o consumo de etanol, ainda que não esteja associado ao hábito de fumar, induz a formação de micronúcleos nas células da língua.
Os pesquisadores estudaram células retiradas da cavidade bucal de 40 homens dependentes químicos de álcool, não fumantes, internados no Hospital Psiquiátrico Ana Nery, em Salvador (BA). Analisaram também células removidas da boca de 20 homens que não fumavam nem bebiam, membros de uma comunidade religiosa da capital baiana. “Observou-se um aumento estatisticamente significativo da freqüência de micronúcleos em células esfoliadas da língua no grupo de indivíduos expostos ao etanol em relação ao grupo controle”, dizem os cientistas no artigo. Antes da internação, os indivíduos alcoólicos estudados consumiram, em média, 2,5 litros de etanol por semana durante mais de 25 anos.
Agência Notisa
Nenhum comentário:
Postar um comentário