Analisando-se os gráficos pode-se constatar que: . A maioria dos escolares é do sexo masculino, pesam ente 19 e 30 kgs, pertencem à classe social de baixa renda e são filhos de mães que não têm o 1º grau completo. . Há predominância de 2-6 pessoas residentes na casa. . A amostra, em sua totalidade, realiza uma higiene bucal. . Fazem tratamento dentário semestralmente no serviço público, o que vem demonstrar a importância do serviço público na prevenção da cárie dentária, sobretudo na região estudada, onde a totalidade da população recebeu assistência odontológica apenas deste serviço. . Quanto à alimentação preferida, o doce predomina sobre o salgado, com uma grande ingestão de refrigerantes e a maioria está em uso de medicamentos adoçados. . No que refere ao consumo de água é feito entre as refeições. . No que diz respeito ao sexo, 68 escolares (68%) são do sexo masculino e 52 (52%) do sexo feminino. Não foram observados em particular índices de cárie por sexo, porém segundo LEGLER et al (7) (1984) meninas mostram uma experiência de cárie maior do que meninos da mesma idade cronológica, pelo menos até os 13 anos, devido ao processo de erupção mais cedo nas meninas. . Com relação ao peso, 52 escolares (52%) têm de 19 a 30kg; 43 (43%) de 31 a 40; 03 (3%) de 41 a 51 e 02 (2%) maior que 51 kgs, estudo feito para observação do desenvolvimento físico . . Quanto à renda familiar, 52 escolares (52%) pertencem à classe de renda baixa; 38 (38%) de 1-3 salários; 04 (4%) de 3-5; 03 (3%) 5-8; 02 (2%) mais de 8 salários e 01 (1%) não respondeu. . No que refere ao grau de escolaridade das mães, 43 mães (43%) não têm instrução; 43 (43%) são alfabetizadas; 06 (6%) têm o 1º grau; 07 (7%) o 2º grau e 01 (1%) o 3º grau. . A condição sócio-econômica do indivíduo é um dos fatores que tem influência no nível de saúde. A classe social interfere no tipo de formação de hábitos, costumes, aspectos culturais da dieta, conceito e valorização da saúde (BURTON (2), 1979, PERNETTA (12), 1969, KING (6), 1978), onde neste estudo foi evidenciado, apesar de maciças propagandas a favor de hábitos incorretos de alimentação. A escolha dos alimentos é igual entre todos, mas não na aquisição. . No que refere à preferência alimentar, 75 escolares (75%) têm preferência por doce; 24 (24%) por salgado e 01 (1%) não respondeu. Fica demonstrado que a preferência alimentar está associada ao consumo de alimentos cariogênicos. Não se condena o uso de nenhum alimento na dieta, apenas deve-se fazer o uso adequado e racional para evitar algum dano à saúde (BEZERRA (1), 1990, MASSLER (8), 1975). Apesar de LEGLER; MENAKER (7) (1984) recomendar os adoçantes para a população em geral, com a substituição dos açúcares, concluímos que não é necessária a substituição radical dos açúcares, uma vez que a freqüência de ingestão dos açucares é a etiologia principal da doença cárie. E que este alimento é importante para o organismo sob o ponto de vista energético. Além disso, o uso de adoçantes deve ser restrito a pacientes que realmente necessitam. Através da nossa amostra, notamos que apesar da grande ingestão de açúcares, o índice de cárie foi pequeno, mostrando que a etiologia da cárie dentária não está ligada apenas à dieta. Não basta o uso racional dos açúcares, se não estiver acompanhada a higiene bucal dentro de um programa de filosofia preventiva. Sobre o consumo de refrigerante, 85 (85%) fazem uso de refrigerantes e 15 (15%) não usam. A tendência atual é antecipar o uso deste produto, talvez devido a influências de padrões culturais e propagandas excessivas pelos meios de comunicação, popularizando o produto que possui diversas marcas. O consumo de refrigerantes não promove nenhum benefício à saúde, principalmente quando introduzido de maneira precoce, criando um hábito impróprio para crianças. Isto está de acordo com diversos trabalhos de muitos autores (51, 56, 32, 50, 2, 16). Houve uma correlação significativa entre a frequência de consumo de bebidas açucaradas entre as refeições e o aumento do índice CPOD, estando de acordo com o trabalho de SMAIL (15) (1984). No que diz respeito à realização da higiene bucal, 98 escolares (98%) realizam e 02 (2%) não realizam. É fundamental aliar a higiene bucal aos hábitos alimentares corretos, também observados em trabalhos de FRISSO; BEZERRA; TOLEDO (4), 1998, NEWBRUN (11), 1992, TODESCAN (17), 1991, SINGI (14), 1985. Segundo REGOLA (13), 1989 o uso de medicamentos adoçados possuem alto potencial cariogênico. Observamos que 73 (73%) fazem o uso freqüente e 27 (27%) não usam. Neste estudo podemos notar a grande influência do componente adocicado do medicamento na doença cárie, utilizado com frequência e pela maioria da amostra estudada. Com relação ao consumo de água, 06 escolares (6%) consomem água nas refeições; 73 (73%) entre as refeições; 20 (20%) nas refeições e entre as mesmas e 01 (1%) não respondeu. TOLLENDAL (18) (1991) alerta o uso excessivo de líquido às refeições, pois eles irão diluir os sucos digestivos e prejudicar a digestão e assimilação dos alimentos. Pela análise gráfica do total de CPOD, observa-se que 67 crianças (67%) apresentam-se CPO abaixo de 3, sendo que 30% dessas crianças apresentam CPO igual a zero e 33% apresentam CPO acima de3. De acordo com o número de CPOD de cada criança pode-se concluir que a média de CPOD eqüivale a 2, 4. Apesar da grande ingestão de açúcares, encontramos CPOD aceitável pela OMS. Isso devido à interação e educação entre higienização bucal e hábitos alimentares. Para melhor avaliação foi feita a tabulação estatística das crianças que não apresentaram nenhum CPOD, com base nas variáveis: total de pessoas existentes em casa, freqüência ao dentista e preferência alimentar. Após tabulação constatou-se que, aproximadamente 8% dessas crianças convivem com um total de 4 a 8 pessoas em casa, 80% têm freqüência ao dentista semestralmente e 77% têm preferência alimentar pelo doce. Quanto à pesquisa dieta/cárie, vale ressaltar o perfil dos escolares: são crianças que participam do Programa de Assistência Bucal do município, sob orientação do SUS, recebem escovação supervisionada durante o período das aulas com adição de bochechos fluoretados semanais e aplicações tópicas de flúor de 4 em 4 meses. A criança portanto, participa de um processo educativo (palestras, vídeos), preventivo (escovação, flúor) e curativo (tratamento restaurador). Tais escolares moram em área urbana e freqüentam escolas públicas estaduais. Apesar de proibição, há venda nas escolas de alimentos cariogênicos como: picolés, balas e doces. A merenda escolar é servida com alimentos cariogênicos. Baseando nos questionários aplicados do guia dos Quatro Grupos de Alimentos e Alimentos Fundamentais, proposto pelo Ministério de Agricultura dos E.U.A. no ano de 1958, preferiu-se reagrupar alguns alimentos, com os seguintes resultados: ANÁLISE DOS GRUPOS ALIMENTARES EM ÁGUAS VERMELHAS Grupo 1 – Leite e derivados Leite 2 – 3 vezes por semana – 29% Manteiga – 2 – 3 vezes por semana – 38% Queijo – Às vezes – 48% Sorvetes – Nunca – 54% Grupo 2 – Carnes e derivados Carnes – 100% Peixes – às vezes – 41% Aves – às vezes/ 1 vez por semana – 70% Ovos – 1 vez por semana – 41% Grupo 3 – Verduras e frutas Frutas – Às vezes – 40% Verduras – Às vezes – 39% Grupo 4 – Pães e cereais Arroz – 2-3 vezes por dia – 97% Pães – 2-3 vezes por semana – 74% Bolo – às vezes – 48% Massas – 2 –3 vezes por semana – 58% Observações: Açúcar – 2 – 3 vezes por dia – 69% Café – 2 – 3 vezes por dia – 83% Chicletes – 2 – 3 vezes por semana – 38% Feijão – 2 – 3 vezes por dia – 82% No grupo 1, leite e derivados, nota-se que há um enorme deficiência na ingestão do leite e manteiga, essa comparada com a ingestão de pães do grupo 4. O uso do queijo é raro. Vários trabalhos com queijo, entre eles o de HEROD (5) (1991), discutiram o seu potencial cariostático e observaram que tanto a caseína presente quanto a alta taxa de cálcio e fósforo abaixam o pH crítico da placa bacteriana, apresentando ação cariostática. O mesmo acontece com o leite. No grupo 2 – carnes e derivados sabendo-se que a quantidade ideal é mais ou menos 2 porções, nota-se deficiência principalmente em aves e ovos, os quais são ingeridos no máximo 1 vez por semana. No grupo 3, verduras e frutas fica evidente a alimentação pobre em frutas e verduras, cuja recomendação diária é de 4 porções, e na realidade 40% às vezes ingere frutas, o mesmo ocorrendo com 39% com relação às verduras. O grupo 4, pães e cereais destaca mesmo a classe social pesquisada, pois como a maioria são de renda familiar baixa, ingerem alimentos de oferecem mais calorias, o que evidencia a obesidade em algumas crianças e são alimentos baratos, de pouca proteína, minerais e vitaminas, são alimentos sem valor nutritivo à dieta, como: pães (74%) e massas (58%) com ingestão diária de 2–3 vezes por semana e o arroz (97%) ingestão de 2 – 3 vezes por dia. São alimentos pegajosos, difíceis de serem removidos , ficando mais tempo em contato com a superfície do dente, também observado por FONSECA; GUEDES-PINTO (3) (1984). O açúcar mascavo e o café também são ingeridos de 2–3 vezes por dia, por 69% e 83% respectivamente. Nessa análise, houve relação estatisticamente significativa entre o índice CPO e a ingestão de sacarose. Em 100 crianças examinadas, teve um total de 239 CPOD; e por criança um índice aproximado de 2,4 CPOD. A frequência de ingestão de produtos açucarados apresenta uma influência muito maior na elevação da incidência de cárie do que a quantidade total do açúcar ingerido pelos indivíduos, também relatado por FONSECA; GUEDES-PINTO (3) (1984). A introdução de açúcar bruto, como rapadura, melado de cana e açúcar mascavo que tem na sua composição minerais, vitaminas e ferro, pode ser considerada desde que seja por substituição, e não como um acréscimo do consumo de açúcar branco. No grupo das guloseimas, os alimentos mais freqüentemente ingeridos foram as bolachas (doce e salgada) e caramelo/bala, alimentos de difícil remoção, provocando queda de pH por um tempo maior. O consumo de balas foi observado em 4 crianças com consumo de 2-3 vezes por dia, sendo que estas apresentam alto potencial cariogênico. Isto é observado também por NACAO; CHUAN; RODRIGUES (9) (1996). Em relação aos protetores fibrosos e auto limpantes, observa-se uma ingestão deficiente, 2-3 vezes por dia de maneira irregular, opondo-se à recomendação diária de 4 porções citado por FONSECA; GUEDES-PINTO (3) (1984). |
Nenhum comentário:
Postar um comentário