Talvez, a partir de 2010, todos passaremos a nos comunicar melhor. Com a reforma da língua portuguesa, muito criticada por alguns por beneficiar o português falado no Brasil, estaremos escrevendo o que já existe no coloquialismo.
Na cabeça dos jovens “pára” e “para” é uma coisa só, e “vem” e “vêem” também são idênticos. Na verdade passarão a ser. Mas não é porque as mudanças ocorrem de forma gradativa que devemos escancarar com a nossa língua.
Gostaria de deixar claro aqui alguns termos que a classe odontológica faz uso. São termos utilizados de forma errônea que, de tanto serem usados acabam sendo aceitos como certos. É algo como “diga uma mentira mil vezes e ela se tornará verdade”!
Exodontia
Todo mundo fala “ékizodontia”, embora existam defensores de que o certo é pronunciar “ezodontia”, assim como exílio e exonerado, e não como sexo ou aneroxia. O xis da questão, aproveitando o trocadilho, é que “ex” vem do grego fora ou externo. Tecnicamente, exodontia é a extração de dentes ou raízes. Mas, cada um fala como quiser.
O mesmo não se aplica aos nomes próprios.
Deve-se, neste caso, respeitar a pronúncia do nominado. Lembram-se de que a Telefonica era chamada de Telefónica (com acento agudo em castelhano) quando se instalou no Brasil ? Outro exemplo é Richard: podendo ser “Rixárde” ou “Ríxardi”. Preste atenção quando a pessoa se apresentar a você pela primeira vez.
Maloclusão
Foi-se o tempo em que falávamos o português de Portugal. O brasileiro existe sim. Quem houve falar que estamos no ano de “dois mileoito”? Só devemos criar palavras compostas quando elas trazem um novo conceito. Assim, seria correto aceitar que “má oclusão” é que é a expressão correta, em que o adjetivo é aplicado de acordo com a linguagem usual, opondo-se a “boa oclusão”. O Dicionário Houaiss indica que são raros os substantivos que integrem o prefixo mal e que não sejam derivados de adjetivos ou de verbos: por exemplo malograr (mal lograr). Em má oclusão, não se cria um novo conceito, porque apenas se faz referência à qualidade da oclusão.
Material dentário
A explicação é do professor Luiz Soares Vianna, da Universidade Federal de Minas Gerais. A expressão material dentário diz respeito a tudo aquilo procedente do dente como, prismas do esmalte, pó de dentina, fragmentos da polpa, etc. Ao passo que a expressão material odontológico significa material empregado no exercício da odontologia como, por exemplo, cimento, porcelana, óxido de zinco, etc.
Por isso, as expressões Departamento de Materiais Dentários e Disciplina de Materiais Dentários (muito usadas nas escolas de odontologia) deveriam ser substituídas por Departamento de Materiais Odontológicos e Disciplina de Materiais Odontológicos.Comprovação: através de resíduos de materiais dentários foi possível provar a identidade de um dos astronautas do Columbia; a loja X vende materiais odontológicos nacionais e importados.
Nossa língua é muito complexa. Nem por isso quem tem um diploma universitário deve titubear. Temos palavras oriundas do tupi, grego, árabe, latim e muitos outros. No início falávamos nunve que depois virou nuvem e luna para lua (lembra-se de lunático?).
Daqui a pouco, se não nos educarmos, estaremos atendendo aquele paciente “de” menor ou achando que coisa pouca é “menas” importante.
Ler faz bem. O cérebro assimila melhor. É um processo mecânico.
Lendo bem, escrevemos bem. Pensando bem, falamos melhor.
* EDMUNDO FLOSS é analista, consultor e palestrante motivacional na área de atendimento, com ênfase na odontologia, tendo por mais de 15 anos assessorado clínicas e consultórios odontológicos das regiões sul, sudeste e centro-oeste brasileiras. Possui um nome conceituado na área de endomarketing.
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