Há muitos anos, na Índia, vivia um monge querido e admirado pelo povo de sua região. Ele usava como morada uma pequena gruta nas montanhas, e lá vivia em completa pobreza. Só possuía a tanga que usava e uma outra para quando precisasse lavar a primeira.
Muitas pessoas o visitavam e levavam-lhe presentes, os quais ele agradecia mas recusava, pois dizia-se feliz na sua pobreza.
Certa vez um visitante lhe contou que perto dali vivia um homem sábio que havia descoberto a verdade. O monge, então, preparou-se para viajar, disposto a visitar tal homem.
Lá chegando, ficou surpreso. O sábio morava num palácio luxuoso, com muitos criados, objetos de valor e um grande número de obras de arte.
O monge apresentou-se e disse que queria ouvir seus ensinamentos, mas que se sentia constrangido diante de tamanha riqueza, visto que ele só possuía a tanga que vestia e a outra que trazia consigo.
O sábio, então, acolheu-o e disse que a ele pouco importava se alguém tinha uma, duas ou cem tangas, mas o que realmente o interessava eram as roupagens do espírito, e convidou-o a permanecer no palácio entre seus hóspedes de honra.
O monge e o filósofo tornaram-se muito amigos e passavam horas a passear pelos jardins do palácio, a conversar sobre os assuntos que a ambos tanto interessavam.
Certo dia, num desses passeios, ouviram grandes estrondos vindos da direção do palácio. Era como se uma manada de elefantes corresse desenfreada. E qual não foi o seu espanto quando viram que o palácio estava em chamas.
O filósofo, ao perceber a extensão da tragédia, não teve um gesto sequer de revolta ou desapontamento. Contemplava serenamente a destruição de todos os seus bens.
O monge, no entanto, ficou desesperado. Gritava e se contorcia aflito.
Diante da reação do monge, o sábio surpreendeu-se e disse: - Por que tanto desespero?! Afinal, o palácio que está em chamas é meu, são minhas as riquezas que o fogo está destruindo e eu estou aqui, calmo diante do irremediável. A perda dos meus bens não me perturba.
- Que me importa o seu palácio! Disse o monge. Não me interessam seus móveis, seus tapetes, suas obras de arte!!! Mas a minha tanga! E caiu em prantos. A minha tanga sobressalente está perdida... Esqueci-me de trazê-la e agora ela está queimando...
O infeliz perdera sua tanga sobressalente...
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